Rap romântico: 21 canções de amor Hip Hop dos anos 2000

Rap romântico

A música evoluiu em todos os seus campos desde que existe. Os gêneros evoluem e muitas vezes deixam de existir dando lugar a outros derivados. Muitos pensaram que com a chegada do trap, por exemplo, seu gênero original iria morrer. Felizmente, não aconteceu. No entanto, o rap romântico, que continua a ser mais uma parte dessa evolução, muitas vezes misturando hip hop com R&B e soul, é ouvido cada vez menos a cada dia, embora seja óbvio que ainda existe.

Isso explica por que focamos, neste artigo, principalmente no rap romântico dos anos 2000. Aqueles foram os grandes anos de esplendor, quando estrelas mundiais se inscreveram para a mistura de refrões de rythm & blues com versos sincopados e amplamente falados. Nomes como Mary J. Blige, Jennifer Lopez ou Mariah Carey são um exemplo claro, mas não os únicos que veremos ao longo da nossa lista.

O principal objetivo desta lista é dar a conhecer, reivindicar ou simplesmente relembrar algumas das melhores músicas que o hip hop romântico nos deu como movimento em si dentro da cultura. Embora tenha aparecido nos EUA ao longo da década de 1970, em muitos países de língua não inglesa não se tornou importante até além da década de 1990, com os sucessos da década de 1980 ou anteriores sendo casos excepcionais e amplamente considerados One Hit Wonder, apesar de na América eles continuarem a sucesso com cada novo single.

Mas o que é rap romântico e como diferenciá-lo do enjoativo?

Nos anos 90, em grande parte devido à grande capacidade midiática da cultura pop anglo-saxônica de chegar a todos os cantos do planeta, incluindo seus esportes, suas figuras, seu cinema e sua música (que já estava aqui há muito tempo), muitos sabiam do hip hop tanto quanto suas brigas, lutas da Costa Oeste/Costa Leste e cantores importantes naquela época. Se somarmos a isso o surgimento da MTV na Europa nos anos 2000, com a privatização de empresas e a chegada de outras marcas, podemos entender melhor como esse gênero se popularizou.

Quanto ao hip hop romântico, o lado um pouco mais pop do gênero, podemos dizer que é o mais bem sucedido fora dos EUA, já que conquistou melhor os ouvintes e alcançou fórmulas de rádio em muitos casos, algo improvável para o rap normal ou gangsta sem vozes femininas para dar contraste com a voz masculina. Talvez a letra também tenha tido uma influência, não tanto focada no egotrip, e mais focada nos ritmos muitas vezes sensuais e acima de tudo com um tom muito mais perto da primavera ou triste (se fosse rap romântico de chorar).

Aliás, esse tipo de rap de amor deu origem a centenas e milhares de compilações durante aquela década. Seja para se dedicar ou para se ouvir, o rap romântico, como o R&B, entrou em muitas casas com uma força que pouquíssimos outros gêneros naquela década tinham. A mistura de ritmos e vozes sensuais, acompanhadas pelo fluxo característico do hip hop (que sempre implica boas vibrações, a não ser que estejam de mau humor), fez a diferença, sendo este último detalhe fundamental para evitar o excesso de açúcar: mesmo que esteja falando de amor, sempre tem que haver espaço para boas vibrações nas entrelinhas. Então, vamos ao que interessa.

21 músicas de rap romântica dos anos 2000

Bem, após as apresentações, vamos com a lista de 21 músicas de hip hop e R&B romântico. A ordem, como na maioria dos casos, é um pouco aleatória, embora o top 3 tenha uma base baseada no gosto deste blog. Se você é fã do gênero ou procura algo diferente do que costuma ouvir, aqui está algo old school, embora não old school, é claro. Ah, e não esqueça que você também pode encontrar todas essas músicas em nossa playlist especial do Spotify seguindo o link.

Gangsta Lovin’, de Eve e Alicia Keys (2002)

Começamos com algo animado, porque queremos nos ater adequadamente às nossas próprias diretrizes recém-criadas. Podemos ser românticos sem ser enjoativos, e para mostrar este botão de véspera com a colaboração de Alicia Keys.

Conhecida em muitos países graças a esse tipo de colaboração com cantores mais populares e em grande parte alheios ao hip hop, Eve teve uma longa carreira tocando vários estilos desde seus primórdios, quando fazia parte do coletivo Ruff Ryders (onde DMX também estava presente). Isso garante as melhores vibrações.

Between Me And You, de Ja Rule e Christina Millian (2000)

Na seguinte posição, temos a Christina Millian, que neste momento parecia ser o que uma jovem Rihanna desejava ser, embora ao longo dos anos aconteceu exatamente o contrário, sendo a primeira reduzida a uma anedota musical e de atuação a nivel mundial. Enquanto isso, a segunda evoluiu até encontrar seu próprio som muito mais distante do R&B mais comum nesses tempos em que nomes como Aaliyah ou Brandy triunfavam.

Aqui colaborando um pouco com Ja Rule antes de se tornar o rapper mais importante da década (com a permissão de Eminem, que até criou uma guerra entre os lados imitando os da Costa Leste vs. Costa Oeste). Felizmente, não terminou em tragédias como essa.

I Need A Girl (Pt. 1), de P Diddy, Loon e Usher (2001)

Se P Diddy é famoso por alguma coisa, é, sobretudo, por ser um dos rappers mais ricos do mundo. Além disso, é verdade que ele deu alguma outra música que vale a pena lembrar (como a que ele fez em memória de Notorious B.I.G. com sua esposa Faith Evans). A produção e os direitos de canções de sucesso, somados à proeza financeira, além das mudanças de nomes artísticos que faz de tempos em tempos, sempre lhe deram notoriedade (ahem).

O fato é que em seu país ele teve o sucesso ocasional mais do que aqueles que conhecemos do outro lado do Atlântico, e este, do qual Usher participa, é um deles. Sempre próximo do R&B, ele mantém as raízes do rap romântico exatamente onde se espera antes de ouvi-lo.

Ride Wit U, de Joe e G-Unit (2003)

Nos emocionamos novamente com Joe, outro desconhecido para muitos, com a ajuda da G-Unit (o trio formado na época por 50 Cent, Lloyd Banks e Young Buck), deu um salto de qualidade e vendas em 2003. É uma ótima música, para que adicionar qualquer outra coisa.

Umbrella, de Rihanna e Jay-Z (2007)

Avançando alguns anos, depois de ouvir quatro músicas de antes de 2004. Com Umbrella, Rihanna confirmou que ela era uma estrela destinada ao sucesso (como se pensava em seus trabalhos anteriores). Depois do extremamente genérico Pon De Replay, que na Espanha até foi divulgado no noticiário e nem vendeu o suficiente para ser lembrado, tornou-se inesquecível alguns álbuns depois.

Neste tema encontramos o acompanhamento de Jay-Z, o outro rapper muito rico junto com o já mencionado Puff Daddy, que teve uma longa carreira solo e mesmo assim na Espanha ele é mais reconhecido por colaborações com sua esposa Beyoncé, Rihanna ou Kanye West, que por muito tempo já produziu muitas de suas canções mais importantes.

One Call Away, de Chingy e Jason Weaver (2003)

Quando parecia que Chingy era apenas mais um rapper com influências do sul, dado a singles de sucesso, mas mais curtos do que outros que eram um pouco mais sérios, singles como One Call Away ou Holidae Inn (junto com Ludacris e Snoop Dogg) permitiram que ele desfrutasse de sucesso por mais de um ano em 2003. Right Thurr foi o primeiro de todos esses singles, o qual eu não queria prestar atenção, mas no final acabei cedendo ao estilo lúdico do rapper.

Always On Time, de Ja Rule e Ashanti (2001)

Voltamos ao Ja Rule, sempre acompanhado por grandes vozes do R&B que fizeram algum grande sucesso, mas por alguma razão, nunca foi comparável ao que todos esperávamos depois de lançar alguns singles como este Always On Time. Um clássico da época, pertencente ao álbum Pain Is Love, que continha um tipo de rap que homenageava a 2Pac, o que o levou a ser criticado por querer se parecer demais com ele. Consequências da fama, em grande medida.

Replay, de Iyaz (2009)

Diante de uma One Hit Wonder como essa, pouco podemos adicionar. Replay era o que era em 2009, e como Iyaz veio, assim ele foi-se. Poucos vão se lembrar dele, mas lá está ele, como lembrança do que o rap sofreu desde o início da década até o fim. Um vácuo que durou de 2005 a 2009, salvando os maiores nomes de todos os tempos, parecia dizer que o hip hop havia morrido em favor de outros movimentos mais modernos. Felizmente, 2010 trouxe sangue novo e pessoas como Kendrick Lamarr vieram nos salvar.

Into You, de Fabolous e Ashanti (2003)

Novamente Ashanti em outro single que teve muitas vendas nos Estados Unidos. Neste caso, junto com Fabolous, um rapper que eu sempre tive no meu pensamento sem prestar muita atenção (em comparação com os outros), mas que foi promovido graças ao Breathe, ótima música.

Overnight Celebrity, de Twista (2004)

Twista se destacou por alguns anos como aquele rapper que recitava dez longas frases em um único segundo. Talvez eu esteja exagerando, mas tenho certeza que você vai me entender muito melhor. O fato é que com a ajuda de Kanye West na base e na produção, seu álbum Kamikaze foi um sucesso onde também encontramos Hope.

Crazy In Love, de Beyoncé e Jay-Z (2003)

Pouco a acrescentar sobre este assunto e esta colaboração. Confirmou Beyoncé como estrela solo, após o fim das Destiny’s Child, e Jay-Z como sideman de primeira linha, além de sua carreira solo.

Hotel, de Cassidy e R. Kelly (2004)

De Cassidy prefiro a dançante Get No Better, mas Hotel foi e sempre será o grande sucesso de sua carreira, aproveitando o puxão que R. Kelly estava tendo (de novo) naquela época, que vivia um novo momento de glória no que diz respeito às vendas. Claro, isso antecedeu seu escândalo sexual agora já resolvido (maldita pessoa má).

I’m Real (Murder Remix), de J. Lo e Ja Rule (2001)

Pela terceira vez, aqui temos ao Ja Rule, neste caso colaborando com J. Lo, quando ela era Jenny From The Block (embora isso tenha sido logo depois de ver o sucesso do rap se misturado com R&B).

Used To Love U, de John Legend (2005)

Se você é fã de Talib Kweli, a base dessa música soará familiar para você. John Legend usa os mesmos pavios de Get By, um clássico do rap irrepetível usado cá em um toque muito mais suave e mais próximo do soul moderno.

03′ Bonnie & Clyde, de Jay-Z e Beyoncé (2002)

Voltamos ao dueto de Jay-Z e Beyoncé, embora desta vez ao contrário e um ano antes de Crazy In Love. Este tema pertence a um álbum do primeiro, enquanto o anterior pertencia a um da segunda.

Dilemma, de Kelly Rowland e Nelly (2002)

Mas não abandonamos o legado das Destiny’s Child, embora desta vez na voz de Kelly Rowland, que antecipou os presságios planejados para sua parceira e por um momento fez acreditar que seria ela quem comeria todos os mercados. No final não foi bem assim (um pouco sim, menos frequentemente), mas Dilemma sempre fará parte das grandes memórias musicais desta década.

Ignition (Remix), de R. Kelly (2003)

Na quinta posição recuperamos o perverso R. Kelly com puro R&B de ritmos sincopados bem próximos do espírito do rap romântico que aqui tocamos. Daí o seu aparecimento, já que também antecede outra música que mistura na perfeição os géneros que mais vemos aqui.

Slow Jamz, de Kanye West, Twista e Jaime Foxx (2004)

Kanye West deu-se a conhecer ao mundo inteiro com Slow Jamz e Through The Wire, que gravou com o maxilar recentemente operado após um acidente que o deixou bastante destroçado. Se você prestar atenção nesse tema, é fácil perceber que não é a mesma voz que estamos acostumados a escutar.

Estamos falando de um Kanye que sofreu um grave acidente que o fez acreditar em Deus ainda mais do que já acreditava, mas antes de vivenciar a morte de sua mãe em uma operação cosmética por perda de sangue. Há quem pensa que este último acontecimento foi o que fez dele o que conhecemos hoje, então aquele primeiro acidente pode ter feito dele o que ouvimos nesta música.

I Know What You Want, de Busta Rhymes, Flipmode Squad e Mariah Carey (2002)

Busta Rhymes sempre se destacou como excêntrico, por seus vídeos em que não conseguia controlar o pescoço ou pintava-se maquiagem de homem branco completo. Mais tarde, ele viria a ser uma das melhores vozes do rap para fazer refrões (como foi Nate Dogg antes dele), e no meio ele nos deu essa colaboração com Mariah Carey, que é muito boa.

21 Questions, de 50 Cent e Nate Dogg (2003)

Quando descobri o que havia acontecido com Nate Dogg, que não era muito velho, fiquei chocado por alguns momentos. Sem nunca ter lançado uma música própria que o abalou, sua voz faz parte de uma imensa coleção de raps inesquecíveis que acompanharam os melhores flows do gênero e as bases mais cativantes que foram produzidas.

Em 21 Questions temos mais um exemplo, junto com o sobrevivente 50 Cent.

Rainy Dayz, de Mary J Blige e Ja Rule (2001)

E, finalmente, partimos em paz, porque Rainy Dayz transmite pura paz. Novamente o Ja Rule (o que podemos fazer se o homem se inspirou?), aqui com a enorme Mary J Blige, uma diva dentro e fora da música.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *