Cantores portugueses e os seus fados famosos

Cantores portugueses de fados famosos

Em Espanha podemos sentir-nos afortunados por ter um país vizinho como Portugal, com gastronomia requintada, encanto mágico e habitantes extremamente hospitaleiros, amigáveis ​​e agradecidos. E isso para fazer um resumo, porque podíamos falar de todas as coisas que gostamos em Portugal e isso daria vários posts.

No entanto, como o nosso blog é dedicado à música, vamos focar-nos nos cantores portugueses e seus fados famosos. Já fizemos uma dupla revisão do artigo sobre música portuguesa, em que falámos sobre os cantores portugueses mais atuais, dedicando outra à canção portuguesa com nomes mais conhecidos e influentes. Nelas, passamos também por diversos géneros, mas o fado português continua a ser uma marca dos portugueses de hoje e acreditamos que merece um verbete inteiro em que falamos deste género e dos fadistas mais famosos da história.

Qual é a característica mais marcante do fado cantado pelos cantores de fados portugueses? A primeira coisa que certamente vem à mente é a palavra saudade, um sentimento entre melancolia e nostalgia, que diríamos. Uma mistura de emoções, porque nostalgia não precisa ser tristeza. Algumas lembranças tristes também podem nos trazer felicidade, parece um pouco paradoxal, mas é verdade. E ei, todos nós temos aqueles momentos sensíveis em que colocamos uma música “triste” com sua memória nostálgica correspondente e acabamos sorrindo… E essas memórias nostálgicas podem ser direcionadas a uma pessoa, um lugar ou até objetos que foram importantes no passado e nossa vida.

Assim, com esta seleção de fados famosos esperamos que encontre um momento de paz, reflexão e sobretudo que goste, pois como já dissemos outras vezes, não é necessário saber uma língua para sentir o que os cantores querem transmitir. E só os melhores podem fazer isso.

De qualquer forma, sempre costumamos fazer um resumo do tema da música ou das ideias principais, assim teremos tudo para absorver totalmente cada tema.

Nomes de fadistas portugueses famosos e melhores fados portugueses famosos

Quem tem curiosidade ou paixão pela música em geral já conhece muitos nomes de fadistas portugueses famosos. Para quem é novo no género, lembre-se dos nomes de Mariza, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo ou Ana Moura, pois são grandes representantes do fado português e para um primeiro contacto são altamente recomendados.

O fado surgiu no início do século XIX em Lisboa e as suas influências não são totalmente claras, uns afirmam que vem das cantigas de amigo medievais, outros dizem que o fado tem raízes árabes e outros dizem que surgiu das canções que os africanos cantavam quando saíam para o mar. Com certeza o fado tem um pouco de tudo, misturado daqui e dali até evoluir para o que conhecemos hoje.

Além disso, o fado tem os seus traços característicos consoante a cidade de origem, sendo os mais importantes o fado de Coimbra e o de Lisboa. O que é comum a todos os fados é que são interpretados por cantores portugueses e os fadistas portugueses mais conhecidos cantam com muito sentimento e uma guitarra portuguesa.

Não hesite e diga-nos o que cada um dos famosos fados que escolhemos para a ocasião evoca em si.

Loucura, de Mariza

Atualmente, Mariza é uma das fadistas mais famosas da cena musical atual, com um estilo que mistura o fado mais tradicional com toques de gospel ou R&B. É seguramente a cantora portuguesa mais conhecida no nosso país, já que colaborou com vários artistas espanhóis como Miguel Poveda.

Loucura é propriamente uma ode ao fado, a esses sentimentos contraditórios, “cantar e sofrer” diz Mariza. O Fado é um poema cantado, algo que nos ajuda a acalmar a alma, a chegar a um estado de catarse e paz depois de desabafar. É uma bela definição como bela é a voz de Mariza, você não concorda?

Grândola Vila Morena, de José “Zeca” Afonso

José Afonso é outra grande eminência no mundo dos cantores portugueses famosos. Possivelmente Grândola Vila Morena seja o seu fado mais conhecido, uma canção de protesto que marcou a revolução dos cravos de 1974 e foi proibida pelo regime opressor. Apesar das tentativas do costume, a democracia triunfou em Portugal.

O som ao fundo como de soldados a caminho de um destino desconhecido e a voz de José Afonso, dão-nos arrepios e contagiam-nos com aquela solenidade e vontade de lutar pelos direitos que nos querem tirar. Algumas coisas não mudaram em nada, parece inacreditável…

Fado Português, de Amália Rodrigues

Amália Rodrigues é considerada a rainha do fado e é merecido. Foi muito aclamada durante as décadas de 1950, 60 e 70 e a sua extensa discografia comprova o seu sucesso, tanto no seu país natal como noutros países europeus. Nem mesmo as acusações que foram lançadas sobre ela e sua possível relação com o regime fascista puderam acabar com ela.

Os fados de Amália caracterizam-se por cantar ao seu país, à sua hospitalidade. No Fado Português conta-se a história do fado, de como surgiu do peito de um marinheiro que começou a cantar para aliviar a saudade da sua terra.

Desfado, de Ana Moura

Ana Moura, tal como Mariza, é uma das grandes fadistas da atualidade. Na verdade, ambos cantaram juntos em várias ocasiões. Os dois deram um toque fresco e renovado ao fado, sem se afastarem da sua essência.

Desfado é um bom exemplo do que dizemos, com um tom alegre e otimista, acompanhado de vários instrumentos, Ana diz-nos o que é o fado, que nada mais é do que aceitar a nossa tristeza como apenas mais um sentimento, sem ser algo de mal por isso. Ele diz “Estou feliz por me sentir bem, só porque estou tão triste”, está feliz por me sentir bem só porque estou tão triste. Pode parecer uma contradição para nós, mas esse é o cerne da questão.

O Pastor, de Madredeus

O grupo Madredeus queria dar a conhecer a música portuguesa para além do fado. O grupo original formado nos anos 80 eram quatro amigos junto com Teresa Salgueiro, então com 17 anos e uma voz prodigiosa. Em 2008 Beatriz Nunes substituiu Teresa como vocalista e houve outras trocas de membros, mas o grupo continua ativo.

O Pastor é uma canção original e hipnotizante do início ao fim, desde o início que nos transporta para um mundo onírico e mágico com conotações surreais, em que a doce voz de Teresa nos acompanha junto com a guitarra portuguesa, um violoncelo e um teclado. Uma delicia.

Sei De Um Rio, de Camané

Camané é o nome artístico do fadista Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos Duarte, que iniciou a sua carreira profissional em 1979, após vencer um concurso musical focado no fado. É um artista muito versátil que, além de fadista, já foi crooner, chansonier, canzonetista, bolero e cantor de bossa nova, além de cantar em vários idiomas.

Sei De Um Rio, como poderia ser de outra forma, fala-nos de memórias, de nostalgias, neste caso inspiradas num rio em que a mentira se transforma em verdade, ou seja, que algumas memórias com o passar do tempo vão adaptando-se ao que nossa mente prefere.

Se Não Chovesse (Fado Súplica), de Cristina Branco

Embora os interesses de Cristina tenham começado pelo jazz e outros tipos de música portuguesa, foi o avô que lhe mostrou a magia do fado, dando-lhe um disco de Amália Rodrigues. Cristina começou a cantar fado em privado e finalmente tornou-se uma fadista de prestígio. Já cantou versões de outros fadistas como José Afonso e colaborou com outros artistas portugueses como Diabo Na Cruz.

Se Não Chovesse é um fado triste com o qual certamente todos nos identificamos, quantas vezes não pensamos e se…? e temos pensado nisso sem chegar a nenhuma conclusão. Bem, isso é o que Cristina canta para nós.

Balada Da Despedida, de Fernando Machado Soares

Fernando Machado formou-se em Direito, foi juiz consultivo no Supremo Tribunal de Justiça, mas uma parte dele sempre se dedicou às artes: também foi poeta, cantor e compositor. Em 2006 recebeu o Prémio Homenagem Amália Rodrigues em reconhecimento pelo seu percurso artístico e dedicação ao próximo.

O seu fado mais famoso é o Balada Da Despedida, que fala da tristeza que sentimos (ou alguns sentem) quando terminamos a universidade e iniciamos uma nova etapa profissional, talvez numa nova cidade. O medo do desconhecido e a nostalgia de alguns anos que não vão voltar.

Canção do Mar, de Dulce Pontes

Dulce Pontes faz parte da World Music, um gênero musical contemporâneo cujo objetivo era integrar música tradicional, popular, folclore… para que chegasse a todos os públicos. Graças ao trabalho de Dulce, ocorreu um renascimento do fado nos anos 90. É uma artista de voz doce e emotiva que colaborou com Ennio Morricone, Elefthería Arvanitáki ou José Carreras.

Canção Do Mar é uma das músicas mais regravadas por outros fadistas e também já apareceu em várias produções audiovisuais. A versão de Dulce tem conotações árabes, ela canta fortemente aquela ode ao mar, cativante e perigoso ao mesmo tempo, um mar que às vezes nos separa de nossa casa e nos inspira tantas saudades.

Fado Do Campo Grande, de Carlos Do Carmo

O fado vem da família de Carlos Do Carmo, a sua mãe também era fadista e juntamente com o seu pai geriu uma casa de fado em Lisboa que Carlos mais tarde assumiu. Participou na Eurovisão em 1976 (não correram muito bem, como costumamos fazer) com tema baseado num poema de Manuel Alegre e apareceu no filme Fados de Carlos Saura, no qual também participaram Mariza e Camané.

O Fado Do Campo Grande é dedicado a Lisboa, a cidade onde Carlos cresceu e viveu, aos anos de infância que aí viveu, a todas as boas memórias que guarda e à saudade de tudo o que aconteceu e nunca mais volta.

Um Contra o Outro, de Deolinda

O grupo familiar Deolinda (família porque é composto por 2 irmãos, a prima e o marido) inspira-se no fado e em grandes fadistas portugueses como Amália Rodrigues, José Afonso ou António Variaçoes. Mas sim, com um toque pessoal que lhes dá aquela originalidade, por vezes dispensando a guitarra portuguesa e com temas normalmente alegres e bem-humorados.

Um Contra O Outro pede que paremos com as brigas absurdas, sem sentido, em que, mesmo que vençamos, a sensação é de ter perdido. Há coisas mais importantes na vida que muitas vezes passam voando e é melhor não se arrepender de nada.

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